quarta-feira, 14 de junho de 2017

Um Limite Entre Nós

O filme Um limite entre nós é um desses filmes que justificam o porquê do cinema ser considerado a Sétima arte. O roteiro foi adaptado da peça teatral escrita por August Wilson. A atuação de Viola Davis e Densel Washiton se completa de uma forma brilhante.

Se pudesse resumir o filme em uma palavra, essa seria “belo”. O roteiro aborda uma família afro-americana na década de 1950. O preconceito aparece de modo sintomático no filme, marcando presença no rancor que o personagem Troy Maxson (Denzel Washington) alimenta, por não ter se tornado jogador de baseball profissional, o rancor alimentado por Troy permeia a relação que ele estabelece com o filhos, Lyons e Cody. Lyons quer ser músico enquanto Cody sonha em ser um jogador de futebol americano e ganhar uma bolsa de estudos para a faculdade, ambos enfrentam a resistência do pai que se mostra cético com relação às oportunidades de crescimento profissional da população negra.

 O filme se passa na década de 1950, pouco após o termino da Segunda Guerra Mundial, e destaca a falta de oportunidades e o preconceito enraizado nas relações sociais. As primeiras cenas do filme dão ritmo à trama. As cenas iniciais mostram uma conversa entre Troy Maxson (Denzel Washington) e Jim Bono (Stephen Henderson) amigos há décadas, e conversam sobre o trabalho como catadores de lixo, pois enquanto os negros ocupam a função de catador, os brancos, são encarregados da função de dirigir os caminhões de lixo, a conversa é principalmente sobre a falta de oportunidades para as pessoas de cor, por mais que elas demonstrem capacidade para a vaga em questão.

Contudo, limitar o filme ao preconceito seria reduzir o roteiro e a peça que originou o filme. Os conflitos que ocorrem entre os personagens envolve uma visão antiquada e machista, em que homem é o senhor da casa a quem todos devem respeitar e servir. Como ator, Denzel Washington, desenvolve um excelente trabalho, constrói um personagem boa praça e carismático para depois desconstrui-lo, e torna-lo o oposto, revelando sua forma torta de ver a vida.

Não poderia deixar de destacar a atuação de Viola Davis. A personagem Rose Maxson cresce junto com a trama, se mostrando uma mulher forte, que encara a vida com resiliência, principalmente após descobrir a infidelidade do marido. Viola Davis fez por merecer o Oscar de melhor atriz coadjuvante.
Denzel Washington como diretor apresentou o filme sob uma perspectiva pouco hollywoodiana, com poucos enquadramentos de câmara que provoca um estranhamento  no público, mas que o torna pouco convencional. A última passagem de tempo é um pouco brusca e surpreende o público, mas a cena final encerra o filme de forma encantadora.

Historicamente situado, o filme retrata a década de 1950, conhecida como a década de ouro americana, pela perspectiva de uma família afro-americana, um olhar ainda incomum, mas que marca seu espaço na produção cinematográfica.



Crédito:
Diretor: Denzel Washington
Elenco: Denzel Washington (Troy Maxson), Viola Davis (Rose Maxson), Stephen Henderson (Jim Bono), Russel Hornsby (Lyons), Mykelti Williamson (Gabriel), Saniyya Sidney (Raynell), Jovan Adepo (Cory).
Roteiro:  August Wilson
Autor: August Wilson
Produtor: Scott Rudin, Denzel Washington, Todd Black
Diretora de fotografia: Charlotte Bruus Christensen
Produtora: Paramount Pictures, Bron Studios, Scott Rudin Productions

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Uma Noite de 12 anos

“Uma noite de 12 anos” (2018) filme de Álvaro Brechner. Uma  produção Argentina, Uruguaia e Espanhola, aborda o período em que José Mujic...