segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Uma Noite de 12 anos

“Uma noite de 12 anos” (2018) filme de Álvaro Brechner. Uma  produção Argentina, Uruguaia e Espanhola, aborda o período em que José Mujica (Antônio de La Torre), Maurício Rosencof (Chino Darin) e Eleutério Fernandez Huidobro (Afonso Tort) e muitos outros contrários ao regime ficaram presos durante a ditadura militar uruguaia.

O filme começa com uma música animada enquanto os três são retirados do presídio e sequestrados pelo regime, como os próprios militares afirmam, eles não eram presos comuns, eram reféns do regime militar. Os três são transferidos constantemente de quartel em quartel. São proibidos de conversar entre si, e com os militares que fazem a guarda.

Eles foram presos em lugares insalubres, sofreram tortura física  e psicológica, impedidos de entrar em contato com a família e, privados de qualquer direito a dignidade humana. Para retratar a angústia a que foram submetidos, Brechner optou pela câmera em close para mostrar bem as expressões  faciais, principalmente, La Torre que interpretou Pepe Mujica e, por um ângulo visual aberto para mostrar imensas paisagens em oposição a eles que parecem pequenos, e assim representar a opressão do regime implacável sobre os três.

A fotografia revela a tristeza, depressão e angústia  desses 12 anos de prisão, o filme tem uma cadência lenta e gradual e apesar dos saltos temporais o tempo passa lentamente, embora depois de mais de 5 anos de prisão houvesse indícios de abertura democrática dentro do regime o tempo na prisão corre mais arrastado.

Na prisão as memórias que aparecem em flashback trazem um pouco de alento, e em paralelo a solidão e ao silêncio do cárcere, quando eles ouvem um jogo de futebol em uma rádio distante parece devolver a esperança para sobreviver a mais um dia. Ao fim do filme sobreviver parece ser o maior simbolo de resistência ao regime militar. A trilha “The sound of silence” marca o início de ciclo para eles e para tantos outros presos políticos, devolvendo a esperança de dias melhores dentro de um regime democrático.


segunda-feira, 22 de outubro de 2018

O Primeiro Homem

“O Primeiro homem” (2018) é um filme dirigido por Damien Chazelle, ganhador de três indicações e um Oscar por “La la land – cantando as estações”. Chazelle deixou o musical de lado, mas manteve a parceria com o ator Ryan Gosling. O filme fala sobre a corrida espacial e a chegada do Homem a lua, mas de uma forma diferenciada, a partir do ponto de vista pessoal do astronauta Neil Armstrong.

A história é bem conhecida, mas a forma de conta-la ganhou o diferencial, pois fala sobre a família, a relação com a esposa, os filhos, os amigos, as motivações pessoais que o levaram a dar continuidade ao projeto espacial mesmo ciente do risco de vida, fatos pouco conhecidos sobre primeiro astronauta a pisar na lua.

Chazelle em boa parte das cenas escolhe pelo enquadramento de câmera em primeiro ou primeirissimo plano que privilegia passar emoção e expressão, com isso o filme ganha em alguns momentos um aspecto documental, inclusive, pela mistura de imagens reais com as de ficção. 

As cenas mostram mais o foguete pelo lado interno, o pouco espaço, a tecnologia ainda rústica e os desafios físicos e intelectuais impostos aos astronautas, em oposição a magnitude dos foguete pelo lado externo.

Ryan Gosling como Neil Armstrong oscila entre a frieza necessária ao personagem e a falta expressão não transmitindo a emoção necessária para a cena, principalmente nas cenas de plano fechado. Por outro lado, Claire Foy como a esposa de Armstrong busca manter um ambiente familiar saudável, sendo um ponto de equilíbrio entre o marido e os filhos.

É um filme instigante. Que revela as perdas humanas e os sacrifícios necessários para que os Estados Unidos saíssem na frente na corrida espacial no contexto de guerra fria. E mostra os astronautas não como heróis, mas como pessoas normais, corajosos e esforçados, revelando os desafios que eles enfrentaram para que esse grande passo para a humanidade fosse dado.


sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Nasce uma estrela

Dica de Filme

"Nasce uma estrela" (2018) tem a direção de Brandley Cooper que faz sua estreia como diretor. O roteiro é um velho conhecido do público, e já está na quarta versão, mas nem por isso perde o seu brilho. O filme conta a história do encontro entre o experiente músico, Jackson Maine (Brandley Cooper), e a jovem cantora, Ally (Gaga). Ally estava quase desistido do sonho de ser uma cantora de sucesso, quando conheceu Jackson Maine, enquanto os dois se apaixonam ele a ajuda a iniciar a carreira musical. Logo depois, Ally começa a investir na carreira de cantora pop e, Jackson tem que enfrentar seus próprios fantasmas. O filme revela os dois lados da indústria de celebridades, que se por um lado proporciona  fama e sucesso, por outro retira a essência e depois joga fora como algo descartável. O filme mostrar muito mais do que como "nasce uma estrela", revela o lado obscuro da fama e como alguns se perdem, ao fazer uso exagerado de álcool e das drogas, perdendo o seu brilho pessoal. O longa mostra uma autocrítica ao estilo de vida Hollywoodiano.
O filme traz algumas surpresas positivas, Brandley Cooper estreando como diretor, e cantando muito bem. Lady Gaga sem maquiagem e com o cabelo na cor natural, tem uma excelente performance como atriz. O filme é intenso, emocionante e nos faz refletir sobre os custos pessoais cobrados pela indústria de celebridades.


segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Venom

Dica de Filme
“Venom” (2018) filme da Marvel, dirigido por Rubem Fleischer, trás as telonas um antigo conhecido dos fãs do universo Marvel, Venom. O vilão apareceu no cinema pela primeira vez no Filme do Homem Aranha 3. Em Homem Aranha o alienígena usa o corpo do herói por um tempo, mas depois de ser expulso, se uniu ao jornalista Eddie Brock em busca de vingança. Neste filme exclusivo do personagem alienígena, Venom chega na terra trazido por uma equipe de astronautas que estavam em uma missão financiada por um jovem e ambicioso cientista, Carlton Drake. Venom entra em simbiose com o jornalista Eddie Brock, e entram em total sintonia compartilhando o corpo e os pensamentos. No filme, a espécie alienígena a qual Venom faz parte pretende se apoderar da terra, mas o antagonista Eddie Brock/Venom tenta impedi-lo. Venom chega as telonas com tiradas engraçadas, e uma performance pouco convencional, mas a fórmula funciona para entretenimento do público.


terça-feira, 9 de outubro de 2018

Ele está de volta

“Ele está de volta” (2015) é um filme baseado no best-seller do autor alemão Timur Vermes. Dirigido por David Wnendt. O longa responde a pergunta, “se Hitler voltasse a terra hoje, século XXI, como seriam aceitas as suas ideias?” No filme Hitler aparece próximo a um conjunto habitacional, no lugar onde ficava o Bunker onde ele morreu em 1945. 70 anos depois da sua morte ele reaparece e encontra uma Alemanha completamente transformada, será que ainda existe espaço para os seus ideais?

Após aparecer sem nenhuma explicação e pensando estar em 1945, Hitler encontra um produtor e cineasta que lhe leva para trabalhar na TV, e passa a ser considerado como um humorista ao defender suas ideias. Enquanto Hitler e o produtor Sawaski gravavam o piloto para oferecer o programa ao canal de TV, Hitler circula pela Alemanha e conversa com pessoas que parecem concordar com suas teorias, poucas pessoas parecem se opor as suas ideias, a grande maioria se mostra incomodada com o crescimento do número de imigrantes.

Ao se apresentar no programa de TV todos parecem achar graça das afirmações de Hitler, e ele se torna uma celebridade midiática. Todos parecem gostar dele apesar de não levarem suas ideias muito a sério. Mas surgem os que parecem concordar com suas afirmações e demonstram simpatizar com as ideias defendidas pelo antigo Partido Nacional Socialista, de que “a democracia precisa de alguém para dar a palavra final. Ponto final. Acabou a discussão”. Contudo, a existência de alguém que dê a palavra final, descaracteriza a democracia como forma de governo, e passa a ser uma ditadura. 

Após ser demitido da emissora de TV, devido a denúncia de maus tratos aos animais, Hitler escreve um livro contando sobre a sua experiência no século XXI que se torna um best-seller e ganha uma versão cinematográfica.

O filme ganha um tom mais sombrio quando Hitler é reconhecido por uma idosa que sofre de Alzheimer, em um momento de consciência ela lembra a face perversa do Nazismo e o genocídio dos Judeus. 

Hitler é agredido por dois jovens neonazistas e, ironicamente, se torna um mártir do direito a democracia. Sawaski descobre que Hitler não é apenas um ator que nunca sai do personagem, e passa a acreditar que ele é o verdadeiro Hitler, ao confrontar o Führer Sawaski descobre a verdadeira face do mal. O filme é uma combinação de ficção e documentário e é no mínimo preocupante perceber que as ideias de Hitler estão vivas e que se reproduzem na Europa, no mundo, e o Brasil não está livre disso.


quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Uma Questão Pessoal

“Uma questão pessoal” (2017) filme franco-italiano. Direção e roteiro é dos irmãos Paolo e Vittorio Taviani. A história acontece no verão de 1943, em Piemont, na Itália, Milton, um jovem estudante, se apaixona por Fulvia, mas a moça demonstra não sentir o mesmo e parece brincar com seus sentimentos. Um ano depois, Milton entra para a resistência italiana durante a Segunda Guerra Mundial. Fulvia deixa a Itália para fugir da guerra. 

Enquanto luta na resistência, em um cenário de guerra desolador, Milton descobre que Fulvia está apaixonada por seu melhor amigo Giorgio. Mergulhado num sentimento de ciúme, Milton decide ir ao encontro do amigo, que também luta na resistência na região Italiana de Langhe, mas Milton descobre que Giorgio foi capturado pelos fascistas. Assim, Milton procura um membro do exército fascista que tenha sido capturado pela resistência para trocar por Giorgio, em busca de descobrir a verdade sobre o romance entre o amigo e Fulvia.

O filme da bastante  visibilidade a guerra no interior da Itália, um cenário ainda pouco abordado nos filmes sobre a Segunda Grande Guerra. Mostrando a morte de famílias camponesas inteiras, inclusive crianças. Em um cenário tão desolador, o amor e a esperança de voltar a encontrar Fulvia é o que parece motivar Milton a se manter vivo durante a guerra. Contudo, a descoberta do romance entre Fulvia e Giorgio deixa Milton desnorteado e obcecado por respostas. 

Por fim, depois de escapar com vida de um confronto direto com o exército fascista, Milton concluí que quase morreu devido ao seu ciúme, e fica feliz em continuar vivo. O filme é um excelente instrumento para conhecer o movimento  de resistência ao fascismo no interior da Itália.



segunda-feira, 1 de outubro de 2018

A Sociedade Literária e a torta de Casca de Batata

“A Sociedade Literária e a torta de Casca de Batata” (2018) é uma produção original Netflix, e a direção é de Mike Newell. O longa conta a história da escritora Juliet Ashton (Lily James), logo após a segunda Guerra Mundial a jovem escritora está sem inspiração para escrever seu próximo livro, até receber uma carta inesperada de uma misteriosa Sociedade Literária de Guernsey.

Curiosa para  conhecer mais sobre a Sociedade e seus membros, Juliet embarcou para a ilha de Guernsey, onde conheceu os membros da Sociedade, entre eles, Dawsey (Michiel Huisman). Depois de conhecer a todos e participar da reunião, Juliet se sentiu inspirada para voltar a escrever, mas para sua surpresa Amélia Maugery (Penélope Wilton), uma das integrantes não quis ter sua história contada, é nesse momento que a jovem escritora se interessa por conhecer melhor cada integrante da Sociedade e suas histórias.

Juliet descobre que a ocupação do exército nazista na ilha de Guernsey havia marcado para sempre as trajetórias de vida de cada um dos membro, os encontros, a leitura e os livros construiu entre eles laços de amizade inseparáveis. Assim, aos poucos sem perceber Juliet também se torna membro da Sociedade.
O filme fala sobre a guerra, sobre as perdas humanas, sobre os horrores da ocupação nazista, mas fala, principalmente, sobre amizade, amor e humanidade.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

O Mistério do Relógio na Parede

Dica de filme
“O mistério do relógio na parede” é um filme de Eli Roth, consagrado pela direção de filmes de terror como “Albergue” e “A Cabana do Inferno” Eli Roth acertou em cheio na adaptação da literatura infanto-juvenil de John Bellairs. O filme conta a história do jovem Lewis Barnavelt (Owen Vaccaro) que após perder os seus pais em um acidente de carro é obrigado a morar com tio Jonathan (Jack Black), em Michigan. O tio é divertido, mas muito misterioso e sua casa é digna de filmes de terror, com brinquedos tenebrosos e móveis vivos. Na vizinhança a casa é conhecida como mal assombrada. Sra. Zimmermann (Cate Blanchett) é vizinha e amiga do tio e se torna quase uma mãe para o jovem Lewis, ela e o tio estão sempre conversando em segredo até o jovem descobrir que os dois são feiticeiros. Logo, Lewis descobre que das paredes da casa saem um barulho ensurdecedor quase impossível de ser silenciado, o mistério do som emitido pelas paredes foi deixado pelo antigo dono da casa, um feiticeiro muito poderoso e muito perverso.  O filme tem elementos de terror explícito capazes de abranger ao público de qualquer idade, o traço humorístico de Jack Black oferece o contraponto entre uma cena e outra. O filme se passa em 1955, e o contexto de pós Segunda Guerra Mundial ajuda a contar a história. A direção de arte está de parabéns pelo cenário e figurino. O filme como um todo é muito bom ser assistido.




sábado, 22 de setembro de 2018

Crô em família

Dica de filme
"Crô em família" (2018) é estrelado por Marcelo Serrado, direção de Cininha de Paula, e roteiro original de Aguinaldo Silva. O personagem Crô foi coadjuvante na novela Fina Estampa de Aguinaldo Silva em 2010, em 2013 virou filme. E agora retorna as telonas sem referências ao primeiro longa. Neste filme o ex-mordomo abriu sua própria escola de etiqueta e finesse, no entanto, o personagem está sozinho e carente devido ao fim do segundo casamento e perda da cachorrinha que ficou com o seu ex-marido. No momento em que o personagem passa por uma situação carência e vulnerabilidade, chega a sua casa pessoas que dizem ser sua família biológica e ele os acolhe e passa a ensinar regras de etiqueta confiante de que encontrou a sua família, contudo, a sua mãe Marinalva interpretada por Arlete Sales só demonstra estar interessada no seu dinheiro. Como antagonista Crô enfrenta a blogueira Carlota Valdez (Monique Alfradique) que faz de tudo para descobrir e publicar a sua vida pessoal. Crô é cercado por fiéis escudeiras, Almerinda (Rosi Campos), Geni (Jefferson Schroeder), e Magda (Mary Sheila). O filme tem um roteiro simples e muitas referências as novelas de Aguinaldo Silva, como "Mulheres de areia", o filme tem a participação de Preta Gil e Pablo Vitar (que não acrescenta nada a história). No fim, literalmente a última cena, Crô adota a sua suposta prima adolescente (Mel Maia), e explica que família não é formada apenas por laços de sangue, mas que existem diversas formas de família, inclusive as que escolhemos escolhemos no coracao, e essa mensagem encerra o filme, e deixa um recado bem atual.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

O Predador (2018)

Dica de filme
“O Predador” (2018) longa dirigido por Shane Black. É o quarto da sequência. O filme de ação e suspense, tráz destaque para a ficção científica, pois os caçadores mais letais do universo estão fazendo experimentos e se aperfeiçoando geneticamente  com DNA de outras espécies alienígenas. Assim criaram uma nova espécie de predador.  O novo filme da franquia  mostra o confronto de dois tipos distintos de predadores. Pois, assim como Prometeu presenteou a humanidade com o fogo, um predador disposto a ajudar os humanos trouxe a terra algo que poderia equilibrar a balança contra os caçadores  extraterrestres. Um grupo de ex-soldados, junto com uma professora doutora em evolução genética enfrentam os predadores e ajudam a proteger um menino (Jacob Tremblay) que encontrou o equipamento de um Predador e disparou um localizador que os  traz de volta a terra. Não é o melhor filme da franquia, é mais dialogando e as tradicionais cenas de ação tem menos espaço, porém o longa abre caminho para novos filmes da sequência.


terça-feira, 11 de setembro de 2018

Gauguin - Viagem ao Taiti


"Gauguin – Viagem Ao Taiti" é um filme Francês de 2017, dirigido por Edouard Deluc. O filme conta parte da vida do pintor pós-impressionista francês Paul Gauguin.

Gauguin (Vincent Cassel) assim como outros pintores pós-impressionistas enfrentavam muitas dificuldades para vender seus quadros, pois havia uma grande resistência do público consumidor de obras de arte em adquirir quadros que se opunham a estética tradicional então estabelecida.

Em 1891, Gauguin deixou a esposa, fillhos e amigos na França e viajou ao Taiti, então colônia francesa, lá ele pretendia começar uma vida nova, se dedicar a pintura livre dos códigos morais, políticos e estéticos da Europa civilizada. No Taiti, Gauguin se deparou com uma vida bem diferente do que tinha imaginado, teve que aprender a conviver com a natureza, enfrentar a solidão, pobreza e a doença.

Em meio a natureza e a um estilo de vida totalmente diferente do que estava habituado na França, Gauguin conheceu a Tehura, uma jovem nativa por quem se apaixonou, ela se tornou sua esposa e tema de suas principais pinturas. O longa mostra a imensa paixão que Gauguin sentia pela arte, sua necessidade de produzir algo que fosse original.

A fotografia do filme merece destaque pois mostra a exuberância da natureza, e a imponência desta sobre os homens se opondo a paisagem urbana da cidade parisiense. Infelizmente, Gauguin morreu antes que sua obra fosse reconhecida. A atuação de Vincent Cassel da intensidade necessária a vida angustiada de Gauguin.


sexta-feira, 7 de setembro de 2018

FERRUGEM

"Ferrugem" (2018) filme nacional, dirigido por Aly Muritiba. O roteiro é uma parceria entre Muritiba e Jessica Candal . É um filme com uma linguagem jovem e atual. O longa conta a história de Tati (Tifanny Dopke) uma jovem estudante do Ensino Médio que faz uso das redes sociais, é popular, comunicativa, e está paquerando com Renet (Giovanni de Lorenzi), um garoto que estuda na mesma sala. Renet é introspectiva, fechado e fala pouco. Durante uma visita da escola ao Aquário no Rio de Janeiro, Tati que está interessada em Renet deixa o garoto olhar a galeria de arquivos do seu telefone, mas ele encontra um vídeo que a jovem gravou com o ex-namorado, porém, Tati não deixa que Renet veja o vídeo. Em seguida, Tati perde o celular e assim tem início a trama do filme.
O filme é dividido em duas partes, a primeira conta sobre como a vida de Tati se tornou difícil depois que ela teve seu vídeo íntimo divulgado nas
redes sociais. Mostrando como a escola se tornou um lugar hostil após a circulação do vídeo, forçando-a ao isolamento social, os seus pais não aparecem o que revela um distanciamento familiar. O sofrimento da jovem é levado as últimas consequências. A segunda parte dá destaque a vida de Renet, contada de forma cadente revelando aos poucos a personalidade do garoto, filho de pais separados, o jovem ainda não aceitou bem o fastamento da mãe. Mora com o pai e a irmã, e convive com o primo que tem uma personalidade que é o oposto da dele. A relação entre a primeira e segunda parte do filme podem ser entendidas como causa e consequência.
O filme trata o tema suicídio não com destaque ao ato em si, mas tratando o tema sob outros aspectos, a pressão social do grupo, a necessidade de ser aceito, a hostilidade juvenil, e sem dúvida o machismo que perpassa todos os rótulos que são impostos a Tati após a divulgação do vídeo, ao mesmo tempo em que seu ex-namorado, que também aparece no vídeo não sofre o mesmo julgamento moral. A montagem, direção de arte e os enquadramentos de câmera funcionam muito bem para contar essa história de forma original e envolvente.
O filme mostra a relação dos jovens com a internet e a redes sociais, e demonstra como a realidade virtual atualmente é tão importante quanto a própria realidade, como o aparelho celular se tornou parte do que é ser jovem e adolescente na atualidade, a necessidade de postar a própria vida nas redes sociais faz parte da necessidade de ser reconhecido como individuo e ser aceito pelo grupo. Apesar de mostrar os efeitos nocivos da internet o filme não se opõe as redes sociais, mas alerta sobre as consequências do seu mau uso.
"Ferrugem" é um filme intenso e desmistifica a ideia que o suicídio é a ação livre e voluntária de um individuo, pois de forma bem didática revela como o bullying levado as últimas consequências pode ser devastador. O longa foi (merecidamente) o ganhador do prêmio "Kikito de Ouro" no festival de Gramado 2018.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Grace de Mônaco

"Grace de Monaco" (2014) é um longa metragem dirigido por Oliver Dahan (que também levou Edith Piaf as telonas) e conta a vida da atriz estadunidense Grace Kelly após seu casamento com o príncipe de Mônaco, Rainier III.

A personagem de Grace Kelly é interpretada por Nicoli Kidman que tem uma excelente atuação. Os acontecimentos do filme ocorrem entre 1961 e 1962. No início do filme é dito que o relato é fictício, mas baseado em fatos reais. 

O longa trás uma representação da vida pessoal de Grace mostrando conflitos pessoais e familiares o que ajuda a desconstruir o ideário de conto de fadas que simbolizava o seu casamento.

Antes de se tornar a princesa de Mônaco, Grace Kelly era uma atriz respeitada pela academia e pelo público, inclusive ganhou o Oscar na categoria de melhor atriz, em 1955. Ao aceitar o pedido de casamento do príncipe de Mônaco, Grace sabia que teria que abrir mão de sua vida profissional, e o filme revela que a escolha nem sempre lhe pareceu a mais correta, ou que em algum momento ela não possa ter se arrependido, mas deixa claro que ela foi tão dedicada ao casamento quanto a sua carreira profissional. 

Destacamos que Grace era um mulher inteligente e que teve dificuldades para se encaixar na realeza, pois o posto de princesa seria para uma mulher submissa e sem opinião propria algo que ela não conseguia ser.

O dilema do roteiro começa com o convite do diretor Alfred Hitchcok para Grace estrelar o seu próximo filme, aceitar ao convite poderia agravar o impasse internacional que o Principado de Mônaco estava envolvido e que colocava em risco a soberania do país. Visando o apoio popular Grace se dispõe a aprender a história e os costumes do Principado de Mônaco, dando ênfase as regras de etiqueta e o idioma francês para conquistar a empatia da população. 

O filme tem como pano de fundo o impasse internacional entre o Principado de Mônaco e a França, que ameaçava cortar o fornecimento dos recursos básicos do Principado. Nesse momento  a presença de Grace foi importante para mediar o  conflito internacional.

"Grace de Mônaco" é uma boa opção de filme para saber um pouco mais sobre a vida da atriz e princesa, Grace de Mônaco, que escolheu se retirar muito cedo das telonas, e também para aqueles que querem saber mais sobre a história do Principado de Mônaco, que é bastante conhecido pelo turismo de luxo: cassinos e corridas de fórmula-1.
Disponivel: Netflix





sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

The Post - A Guerra Secreta

The Post - A Guerra Secreta é um dos indicados ao Oscar 2018 em duas categorias melhor filme e melhor atriz com a interpretação de Meryl Streep. A trama conta a história da briga judicial entre o Washigton Post e presidente americano Richard Nixon, o episódio marcou a política e o jornalismo nos EUA.



Com a direção de Steven Spielberg e Tom Hanks no elenco, o filme apresenta uma narrativa rápida com muitas ligações que leva o espectador a se manter atento e prestar atenção aos detalhes. As informações sigilosas sobre a guerra do Vietnã foram inicialmente publicadas pelo New York Times, que sofreu com um processo movido pelo governo norte-americano, com a interdição do New York Times as informações sigilosas vão para nas mãos Ben Bradlen (Tom Hanks) que pressiona Kat Graham (Meryl Streep) dona do jornal The Washigton Post a publicar as informações no jornal. A partir desse momento o filme ganha um tom mais dramático e Meryl Steep cresce interpretando Kat Graham.



A personagem Kat Graham é uma mulher em um universo de maioria masculina, no qual é necessário que ela se imponha como uma figura altiva e capaz de ocupar um cargo de chefia no jornal da família, os acontecimentos são paralelos a abertura do jornal ao mercado de ações e o medo de perder investidores leva os diretores do jornal a pressionarem KatGraham a não publicar as informações, o filme privilegia a ação da sra. Graham, a coragem de publicar os documentos sigilosos incentivou outros jornais a fazer o mesmo, e se tornou um fato marcante para a história americana. O protagonismo feminino é marcante e isso não acontece por acaso, o debate de gênero e igualdade salarial entre homens e mulheres chegou em Hollywood e não é uma discussão passageira, vem ganhando adeptos de peso no mundo cinematográfico, inclusive a própria Meryl Streep.



O filme é excelente para conhecer mais sobre a história recente dos EUA e a participação do país na guerra do Vietnã. O filme cativa o espectador e a atuação de Meryl Steep é emocionante e envolvente. As duas indicações, melhor filme e melhor atriz, foram merecidas. Mas estou aguardando a estreia de A Forma da Água, com a direção de Guilherme Del Toro para definir meus favoritos ao Oscar 2018.





sábado, 27 de janeiro de 2018

O Destino de uma Nação


Na saga por assistir aos filmes indicados ao Oscar 2018 assistimos ao filme "O destino de uma nação". Filme ótimo, fotografia incrível, a interpretação de Gary Oldman é digna da indicação. A cadência do filme tem um ritmo contínuo, se não chega ao ápice também não chega a descontração. O filme retrata bem um momento decisivo na segunda guerra mundial que é a decisão de Churchill em assinar ou não  um acordo de paz com a Alemanha, temporalmente o filme se passa durante o mês de maio e revela o quanto foi difícil a tomada de decisão.


Com relação as indicações ao Oscar 2018 apesar de ter gostado do filme não ganhou a minha torcida para o grande prêmio da noite  (melhor filme) não cativou minha atenção o tempo todo, se tornou um pouco cansativo no meio do filme. Mas achei incrível como recurso didático para aulas de história e de história da arte. Para a indicação de melhor ator gostei muito da interpretação de Gary Oldman, ele da o tom decisivo ao filme, no entanto, também não ganhou minha torcida. Acredito que é um forte concorrente aos prêmios de melhor Design de Produção, fotografia e figurino. Na categoria melhor cabelo e maquiagem confesso que estou na torcida por Extraordinário.


sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

This is me (O Rei do Show)

A lista de indicados ao Oscar já saiu e os indicados a melhor canção original foram:

"Mighty River", de Mudbound: Lágrima sobre o Mississipi
"Remember me", de Viva - a vida é uma festa
"Stand Up of somentig", de Marshall
"The Mistery of Love", de Me Chame pelo Seu Nome
"This is me", de O Rei do Show

Todas as indicações são músicas belíssimas, com letras envolventes e que ajudam a compor o filme, no entanto, a minha torcida está para "This is me" de O Rei do Show (The Greatest Showman) a música não só ajuda a compor o filme, mas é a essência do filme. A letra fala a respeito de como as palavras negativas que ouvimos a nosso respeito nos fazem mal, como elas podem nos magoar e nos colocar para baixo, e de forma envolvente e empolgante nos mostra como devemos ser nos mesmos sem temer a opinião dos outros. O Rei do Show mostra, ainda que, de forma tímida a diversidade, e revela que o diferente pode e deve ser aceito como é, não a nada errado em ser você mesmo. Esta canção é motivadora e deve ser ouvida por todos que sofrem na busca pela aceitação dos outros, para perceber que a aceitação deve vir primeiro de si próprio.



E se você ainda não está convencido de que o música é envolvente e empolgante recomendo que assista a esse vídeo.

Mi
Mi

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Me chame pelo seu nome

Saiu a lista dos indicados ao Oscar 2018 e com ela começa a corrida por assistir aos filmes indicados antes da premiação, o maior desafio é que a maioria deles ainda não estreou em João Pessoa.
Entre os indicados já assistimos alguns: Logan, Viva - a vida é uma festa, Extraordinário, Star Wars, A Bela e a Fera, O rei do show, etc. E todos são maravilhosos e na nossa opinião mereceram suas indicações. A grande surpresa ficou por conta de Logan, indicado ao melhor roteiro adaptado, o que enche de alegria o coração dos fãs de filmes de super heróis pelo reconhecimento quase histórico de que esse estilo de filme tem sim bons roteiros.
Na saga por assistir as indicações de melhor filme, melhor direção, melhor roteiro e melhor ator e atriz começamos assistindo a Me chame pelo seu nome, e o que achamos? Um filme que fala de sentimento, que trata um tema ainda tabu na sociedade contemporânea, a atuação de Timothée Chalamet (Eliot) é brilhante, ele passa todo o sentimento, amor, angústia, dor, tristeza que a sétima arte exige, e mereceu sim a indicação para melhor ator e estou na torcida por ele, apesar de não ter assistido aos outros filmes ainda. Mas vamos as críticas ao filme, considerei o roteiro fechado a uma temática especifica, como assim? Poderiam ter sido abordados outros temas como pano de fundo, mas o filme se prende de mais a um único assunto, me lembro da premiação ao Oscar 2017 no qual Moonlight: sob a luz do luar levou a maior premiação da noite, na data da premiação ainda não havia assistido a nenhum dos grandes favoritos, Lalaland e Moonlight, e quando assistir ao ganhador não tive dúvidas de que eles eram merecedores, não era um filme sobre a tema homoafetivo, mas sobre relações familiares, questões sociais, estereótipos, drogas, era um filme que ao término fazia o espectador refletir sobre diversos aspectos da sociedade, algo que não ocorreu com Me chame pelo seu nome, pelo menos não comigo, o filme me emocionou imensamente, mas foi muito mais pela atuação de Timothée Chalamet do que pelo conjunto do filme.
Destaque para o cenário onde se passa o filme, interior da Itália que compõe um cenário belíssimo para o desenrolar da trama, e para a fotografia, a erudição e a estética marcam todo o filme e compõem um tom elegante ao desenrolar do enredo.
Agora quero assistir aos próximos e torcer pelos meus favoritos.

Duração: 133 min.
Direção: Luca Guadagnino
Elenco: Armie Harmmer, Timothée Chalamet, Michael Stuhlbarg, mais.
Gênero: Drama e Romance
Nacionalidade: França, Itália, EUA, Brasil

Uma Noite de 12 anos

“Uma noite de 12 anos” (2018) filme de Álvaro Brechner. Uma  produção Argentina, Uruguaia e Espanhola, aborda o período em que José Mujic...