segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Uma Noite de 12 anos

“Uma noite de 12 anos” (2018) filme de Álvaro Brechner. Uma  produção Argentina, Uruguaia e Espanhola, aborda o período em que José Mujica (Antônio de La Torre), Maurício Rosencof (Chino Darin) e Eleutério Fernandez Huidobro (Afonso Tort) e muitos outros contrários ao regime ficaram presos durante a ditadura militar uruguaia.

O filme começa com uma música animada enquanto os três são retirados do presídio e sequestrados pelo regime, como os próprios militares afirmam, eles não eram presos comuns, eram reféns do regime militar. Os três são transferidos constantemente de quartel em quartel. São proibidos de conversar entre si, e com os militares que fazem a guarda.

Eles foram presos em lugares insalubres, sofreram tortura física  e psicológica, impedidos de entrar em contato com a família e, privados de qualquer direito a dignidade humana. Para retratar a angústia a que foram submetidos, Brechner optou pela câmera em close para mostrar bem as expressões  faciais, principalmente, La Torre que interpretou Pepe Mujica e, por um ângulo visual aberto para mostrar imensas paisagens em oposição a eles que parecem pequenos, e assim representar a opressão do regime implacável sobre os três.

A fotografia revela a tristeza, depressão e angústia  desses 12 anos de prisão, o filme tem uma cadência lenta e gradual e apesar dos saltos temporais o tempo passa lentamente, embora depois de mais de 5 anos de prisão houvesse indícios de abertura democrática dentro do regime o tempo na prisão corre mais arrastado.

Na prisão as memórias que aparecem em flashback trazem um pouco de alento, e em paralelo a solidão e ao silêncio do cárcere, quando eles ouvem um jogo de futebol em uma rádio distante parece devolver a esperança para sobreviver a mais um dia. Ao fim do filme sobreviver parece ser o maior simbolo de resistência ao regime militar. A trilha “The sound of silence” marca o início de ciclo para eles e para tantos outros presos políticos, devolvendo a esperança de dias melhores dentro de um regime democrático.


segunda-feira, 22 de outubro de 2018

O Primeiro Homem

“O Primeiro homem” (2018) é um filme dirigido por Damien Chazelle, ganhador de três indicações e um Oscar por “La la land – cantando as estações”. Chazelle deixou o musical de lado, mas manteve a parceria com o ator Ryan Gosling. O filme fala sobre a corrida espacial e a chegada do Homem a lua, mas de uma forma diferenciada, a partir do ponto de vista pessoal do astronauta Neil Armstrong.

A história é bem conhecida, mas a forma de conta-la ganhou o diferencial, pois fala sobre a família, a relação com a esposa, os filhos, os amigos, as motivações pessoais que o levaram a dar continuidade ao projeto espacial mesmo ciente do risco de vida, fatos pouco conhecidos sobre primeiro astronauta a pisar na lua.

Chazelle em boa parte das cenas escolhe pelo enquadramento de câmera em primeiro ou primeirissimo plano que privilegia passar emoção e expressão, com isso o filme ganha em alguns momentos um aspecto documental, inclusive, pela mistura de imagens reais com as de ficção. 

As cenas mostram mais o foguete pelo lado interno, o pouco espaço, a tecnologia ainda rústica e os desafios físicos e intelectuais impostos aos astronautas, em oposição a magnitude dos foguete pelo lado externo.

Ryan Gosling como Neil Armstrong oscila entre a frieza necessária ao personagem e a falta expressão não transmitindo a emoção necessária para a cena, principalmente nas cenas de plano fechado. Por outro lado, Claire Foy como a esposa de Armstrong busca manter um ambiente familiar saudável, sendo um ponto de equilíbrio entre o marido e os filhos.

É um filme instigante. Que revela as perdas humanas e os sacrifícios necessários para que os Estados Unidos saíssem na frente na corrida espacial no contexto de guerra fria. E mostra os astronautas não como heróis, mas como pessoas normais, corajosos e esforçados, revelando os desafios que eles enfrentaram para que esse grande passo para a humanidade fosse dado.


sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Nasce uma estrela

Dica de Filme

"Nasce uma estrela" (2018) tem a direção de Brandley Cooper que faz sua estreia como diretor. O roteiro é um velho conhecido do público, e já está na quarta versão, mas nem por isso perde o seu brilho. O filme conta a história do encontro entre o experiente músico, Jackson Maine (Brandley Cooper), e a jovem cantora, Ally (Gaga). Ally estava quase desistido do sonho de ser uma cantora de sucesso, quando conheceu Jackson Maine, enquanto os dois se apaixonam ele a ajuda a iniciar a carreira musical. Logo depois, Ally começa a investir na carreira de cantora pop e, Jackson tem que enfrentar seus próprios fantasmas. O filme revela os dois lados da indústria de celebridades, que se por um lado proporciona  fama e sucesso, por outro retira a essência e depois joga fora como algo descartável. O filme mostrar muito mais do que como "nasce uma estrela", revela o lado obscuro da fama e como alguns se perdem, ao fazer uso exagerado de álcool e das drogas, perdendo o seu brilho pessoal. O longa mostra uma autocrítica ao estilo de vida Hollywoodiano.
O filme traz algumas surpresas positivas, Brandley Cooper estreando como diretor, e cantando muito bem. Lady Gaga sem maquiagem e com o cabelo na cor natural, tem uma excelente performance como atriz. O filme é intenso, emocionante e nos faz refletir sobre os custos pessoais cobrados pela indústria de celebridades.


segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Venom

Dica de Filme
“Venom” (2018) filme da Marvel, dirigido por Rubem Fleischer, trás as telonas um antigo conhecido dos fãs do universo Marvel, Venom. O vilão apareceu no cinema pela primeira vez no Filme do Homem Aranha 3. Em Homem Aranha o alienígena usa o corpo do herói por um tempo, mas depois de ser expulso, se uniu ao jornalista Eddie Brock em busca de vingança. Neste filme exclusivo do personagem alienígena, Venom chega na terra trazido por uma equipe de astronautas que estavam em uma missão financiada por um jovem e ambicioso cientista, Carlton Drake. Venom entra em simbiose com o jornalista Eddie Brock, e entram em total sintonia compartilhando o corpo e os pensamentos. No filme, a espécie alienígena a qual Venom faz parte pretende se apoderar da terra, mas o antagonista Eddie Brock/Venom tenta impedi-lo. Venom chega as telonas com tiradas engraçadas, e uma performance pouco convencional, mas a fórmula funciona para entretenimento do público.


terça-feira, 9 de outubro de 2018

Ele está de volta

“Ele está de volta” (2015) é um filme baseado no best-seller do autor alemão Timur Vermes. Dirigido por David Wnendt. O longa responde a pergunta, “se Hitler voltasse a terra hoje, século XXI, como seriam aceitas as suas ideias?” No filme Hitler aparece próximo a um conjunto habitacional, no lugar onde ficava o Bunker onde ele morreu em 1945. 70 anos depois da sua morte ele reaparece e encontra uma Alemanha completamente transformada, será que ainda existe espaço para os seus ideais?

Após aparecer sem nenhuma explicação e pensando estar em 1945, Hitler encontra um produtor e cineasta que lhe leva para trabalhar na TV, e passa a ser considerado como um humorista ao defender suas ideias. Enquanto Hitler e o produtor Sawaski gravavam o piloto para oferecer o programa ao canal de TV, Hitler circula pela Alemanha e conversa com pessoas que parecem concordar com suas teorias, poucas pessoas parecem se opor as suas ideias, a grande maioria se mostra incomodada com o crescimento do número de imigrantes.

Ao se apresentar no programa de TV todos parecem achar graça das afirmações de Hitler, e ele se torna uma celebridade midiática. Todos parecem gostar dele apesar de não levarem suas ideias muito a sério. Mas surgem os que parecem concordar com suas afirmações e demonstram simpatizar com as ideias defendidas pelo antigo Partido Nacional Socialista, de que “a democracia precisa de alguém para dar a palavra final. Ponto final. Acabou a discussão”. Contudo, a existência de alguém que dê a palavra final, descaracteriza a democracia como forma de governo, e passa a ser uma ditadura. 

Após ser demitido da emissora de TV, devido a denúncia de maus tratos aos animais, Hitler escreve um livro contando sobre a sua experiência no século XXI que se torna um best-seller e ganha uma versão cinematográfica.

O filme ganha um tom mais sombrio quando Hitler é reconhecido por uma idosa que sofre de Alzheimer, em um momento de consciência ela lembra a face perversa do Nazismo e o genocídio dos Judeus. 

Hitler é agredido por dois jovens neonazistas e, ironicamente, se torna um mártir do direito a democracia. Sawaski descobre que Hitler não é apenas um ator que nunca sai do personagem, e passa a acreditar que ele é o verdadeiro Hitler, ao confrontar o Führer Sawaski descobre a verdadeira face do mal. O filme é uma combinação de ficção e documentário e é no mínimo preocupante perceber que as ideias de Hitler estão vivas e que se reproduzem na Europa, no mundo, e o Brasil não está livre disso.


quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Uma Questão Pessoal

“Uma questão pessoal” (2017) filme franco-italiano. Direção e roteiro é dos irmãos Paolo e Vittorio Taviani. A história acontece no verão de 1943, em Piemont, na Itália, Milton, um jovem estudante, se apaixona por Fulvia, mas a moça demonstra não sentir o mesmo e parece brincar com seus sentimentos. Um ano depois, Milton entra para a resistência italiana durante a Segunda Guerra Mundial. Fulvia deixa a Itália para fugir da guerra. 

Enquanto luta na resistência, em um cenário de guerra desolador, Milton descobre que Fulvia está apaixonada por seu melhor amigo Giorgio. Mergulhado num sentimento de ciúme, Milton decide ir ao encontro do amigo, que também luta na resistência na região Italiana de Langhe, mas Milton descobre que Giorgio foi capturado pelos fascistas. Assim, Milton procura um membro do exército fascista que tenha sido capturado pela resistência para trocar por Giorgio, em busca de descobrir a verdade sobre o romance entre o amigo e Fulvia.

O filme da bastante  visibilidade a guerra no interior da Itália, um cenário ainda pouco abordado nos filmes sobre a Segunda Grande Guerra. Mostrando a morte de famílias camponesas inteiras, inclusive crianças. Em um cenário tão desolador, o amor e a esperança de voltar a encontrar Fulvia é o que parece motivar Milton a se manter vivo durante a guerra. Contudo, a descoberta do romance entre Fulvia e Giorgio deixa Milton desnorteado e obcecado por respostas. 

Por fim, depois de escapar com vida de um confronto direto com o exército fascista, Milton concluí que quase morreu devido ao seu ciúme, e fica feliz em continuar vivo. O filme é um excelente instrumento para conhecer o movimento  de resistência ao fascismo no interior da Itália.



segunda-feira, 1 de outubro de 2018

A Sociedade Literária e a torta de Casca de Batata

“A Sociedade Literária e a torta de Casca de Batata” (2018) é uma produção original Netflix, e a direção é de Mike Newell. O longa conta a história da escritora Juliet Ashton (Lily James), logo após a segunda Guerra Mundial a jovem escritora está sem inspiração para escrever seu próximo livro, até receber uma carta inesperada de uma misteriosa Sociedade Literária de Guernsey.

Curiosa para  conhecer mais sobre a Sociedade e seus membros, Juliet embarcou para a ilha de Guernsey, onde conheceu os membros da Sociedade, entre eles, Dawsey (Michiel Huisman). Depois de conhecer a todos e participar da reunião, Juliet se sentiu inspirada para voltar a escrever, mas para sua surpresa Amélia Maugery (Penélope Wilton), uma das integrantes não quis ter sua história contada, é nesse momento que a jovem escritora se interessa por conhecer melhor cada integrante da Sociedade e suas histórias.

Juliet descobre que a ocupação do exército nazista na ilha de Guernsey havia marcado para sempre as trajetórias de vida de cada um dos membro, os encontros, a leitura e os livros construiu entre eles laços de amizade inseparáveis. Assim, aos poucos sem perceber Juliet também se torna membro da Sociedade.
O filme fala sobre a guerra, sobre as perdas humanas, sobre os horrores da ocupação nazista, mas fala, principalmente, sobre amizade, amor e humanidade.

Uma Noite de 12 anos

“Uma noite de 12 anos” (2018) filme de Álvaro Brechner. Uma  produção Argentina, Uruguaia e Espanhola, aborda o período em que José Mujic...